sábado, 24 de junho de 2023

Grandes Lagos, EUA: roteiro de 10 dias e dicas sobre Minneapolis, Milwaukee, Chicago e Detroit

No ano passado, fizemos um excelente roteiro de 10 dias por 4 grandes cidades americanas: Minneapolis, Milwaukee, Chicago e Detroit.

Nunca pensamos que íamos conhecer tão cedo essas metrópoles da região dos Grandes Lagos (talvez apenas Chicago), mas por uma casualidade do destino acabamos viajando para lá. Precisávamos voar do Alaska para Miami (de um extremo a outro da América do Norte), e a combinação de passagens mais econômica que achamos foi um voo do Alaska para Minneapolis e outro de Detroit para Miami, com 10 dias de intervalo entre eles.

Com um período relativamente curto como esse, nem precisamos pesquisar muito e montamos o roteiro mais óbvio: de Minneapolis a Detroit, por terra, parando para conhecer as 2 maiores cidades no caminho: Milwaukee e Chicago. Infelizmente tivemos que deixar de fora o interior dos estados (o de Michigan, especialmente, parece muito bonito), mas com pouco tempo e sem carro não tínhamos outra opção. Também foi bom tomar um "banho" de cidades grandes depois de mais de 2 meses em pleno contato com a natureza no Alaska.


Chicago


Clima na região dos Grandes Lagos

Fomos no fim de junho, uma época que de forma alguma eu recomendo. Pegamos um calor histórico, com temperaturas em torno de 40ºC ao longo de todos os 10 dias que passamos lá. Eu sempre tinha ouvido falar das fortes nevascas na região dos Grandes Lagos no inverno, mas por pura ignorância não sabia que essa também é uma das regiões mais quentes dos EUA no verão. Deve ser uma loucura viver num lugar onde faz mais de 40ºC no verão e, no inverno, a sensação térmica pode chegar a -50ºC. Eu recomendo visitar a região no outono ou na primavera, para evitar esses extremos.


Hospedagem

Usamos apenas o Couchsurfing como forma de hospedagem, nas 4 cidades, então infelizmente não posso dar dicas sobre hoteis.


Alimentação

Não conhecemos nenhum lugar mais caro para comer que os EUA, então não fomos a nenhum restaurante. Durante o dia, comíamos em algum fast-food (Subway ou McDonalds) e à noite fazíamos uma refeição melhor nas casas onde nos hospedamos. Recomendo fazer compras no supermercado Aldi, uma cadeia alemã presente nessa região - as coisas são muito melhores e mais baratas que nas redes americanas.


Meio de locomoção

Se você vai fazer um roteiro mais longo por essa região, incluindo o interior dos estados, vai precisar alugar um carro. Transporte público nos EUA é terrível - eles têm muito forte a cultura do carro, então praticamente ninguém viaja de ônibus ou trem, o que deixa esse serviço bem precário. Em nenhuma cidade americana vimos uma rodoviária, por exemplo - os poucos ônibus interurbanos partem de pontos aleatórios pela cidade, determinados por cada empresa de transporte. Bem diferente da maior parte da Europa, onde cada vilarejo, por menor que seja, tem sua estação de trem.

Mas é claro que, para um roteiro rápido e objetivo como o nosso, que contemplou apenas metrópoles, foi tranquilo viajar de ônibus.

Via de regra, a empresa de ônibus mais barata é a Flixbus. Os ônibus são confortáveis mas não têm wifi (embora eles digam que têm). Não é possível comprar a passagem direto no ônibus, é obrigatório comprar antes pelo site ou pelo app, pagando com cartão de crédito. Existe um app americano, com preços em dólar, e um brasileiro, com preços em reais. No americano, além do IOF, há uma taxa de cerca de 3 dólares ao final da compra - no brasileiro não. Faça as contas, convertendo o valor final, e veja o que compensa - no nosso caso, sempre foi mais barato comprar pelo app brasileiro. Outra dica importante é sempre comprar com certa antecedência - no mínimo uns 3 ou 4 dias, se possível umas 2 semanas antes. Na véspera ou no dia, os preços são sempre mais caros.

De Minneapolis a Milwaukee, fomos com a Flixbus e pagamos R$190 por pessoa. A viagem teve 7h de duração (das 9h às 16h).

De Milwaukee a Chicago, devido à curta distância (1h30min) e ao preço caríssimo do ônibus (R$120 por pessoa), fomos de carona (abaixo, no roteiro, conto melhor sobre isso).

E de Chicago a Detroit, também fomos com a Flixbus e pagamos R$140 por pessoa. A viagem durou 6h (das 10:30 às 16:30).


Roteiro de 10 dias pelos Grandes Lagos


Dia 1 (19/6) - Minneapolis

Desembarcamos em Minneapolis às 7h da manhã. Do aeroporto, pegamos o metrô até o centro da cidade e, de lá, um ônibus até a casa da nossa anfitriã do Couchsurfing.

Nossa maior sorte em Minneapolis foi ter uma anfitriã que nos emprestou um par de bicicletas. Não existe jeito melhor e mais prático de explorar a cidade - compensa muito alugar bikes. Isso porque Minneapolis é uma cidade plana e grande em área, com atrações muito espalhadas - de forma alguma seria possível conhecer tudo caminhando. Aliás, Minneapolis foi uma cidade que eu gostei muito justamente porque ela não tem grandes pontos turísticos - o mais legal é andar de bike pelas ruas residenciais, pelos diversos lagos, pela orla do rio... a maioria das casas são verdadeiras mansões em Minneapolis, com jardins enormes e cheios de árvores. Não passamos por nenhuma rua feia na cidade inteira.

Passamos 2 dias em Minneapolis. No dia em que chegamos, tomamos café da manhã e já saímos para conhecer a cidade. Veja abaixo o mapa do roteiro que fizemos:



Uma rua qualquer em Minneapolis

As casas são sempre mansões



Basílica de St. Mary, a primeira basílica dos EUA

Centro completamente vazio no domingo

Jardim das Esculturas













Uma das muitas praias de lago em Minneapolis

Rio Mississipi




Outra atração interessante em Minneapolis é Minnehaha Falls, uma cachoeira que fica dentro de um parque (entrada gratuita):







Dia 2 (20/6) - Minneapolis / St. Paul

Mais um dia pedalando por toda a cidade. Fomos ao Diamond Lake, ao Lake Nokomis (onde até entrei para me refrescar) e cruzamos a ponte para Saint Paul, a cidade vizinha de Minneapolis, que fica do outro lado do rio Mississipi e é a capital do estado de Minnesota. Em Saint Paul, passeamos bastante pela zona universitária e cruzamos outra ponte para voltar a Minneapolis.


Biblioteca da Universidade










No caminho de volta para casa, por curiosidade, paramos no local onde George Floyd morreu, em frente ao mercadinho Cup Foods.

À noite, saímos para outro passeio de bike, para ver os prédios do centro de Minneapolis iluminados.













Dia 3 (21/6) - Minneapolis - Milwaukee

Às 9h, embarcamos no nosso ônibus para Milwaukee, que partiu do centro de Minneapolis. Depois de uma parada em Madison, capital de Wisconsin (que nos pareceu ser uma cidade bem tranquila, na orla de um lago), chegamos a Milwaukee às 16h. 

Milwaukee é a maior cidade de Wisconsin. Tínhamos planejado dormir lá 2 noites, para que tivéssemos um dia inteiro para conhecer tudo - mas, como estávamos justamente no solstício de verão, o dia mais longo do ano, uma tarde e uma noite acabaram sendo suficientes para ter uma boa visão geral da cidade.

Ficamos hospedados numa casa antiga bem no centro, na esquina das ruas Vine e 1st Street (perfeita localização). Como não tínhamos bicicletas dessa vez, saímos para caminhar e conhecer as atrações de Milwaukee. A maioria delas estão localizadas no entorno do rio Milwaukee, que corta a cidade.

Infelizmente não gravamos no Strava nosso trajeto nesse dia.
















Depois do pôr do sol (às 20:30), voltamos para casa, jantamos e saímos outra vez para passear. Fizemos praticamente o mesmo roteiro, dessa vez à noite, para ver os prédios da cidade iluminados. Mas o que mais nos surpreendeu nessa caminhada foi a quantidade de coelhos pelas ruas de madrugada - muito interessante caminhar por Milwaukee até quase 2h da manhã com a cidade totalmente vazia e ao mesmo tempo cheia de coelhos nos jardins das casas.











Dia 4 (22/6) - Milwaukee - Chicago

Como já tínhamos dado conta de conhecer Milwaukee nas 2 longas caminhadas do dia anterior, decidimos adiantar o roteiro e ir para Chicago um dia antes do previsto (o que se revelou uma excelente ideia, pois apenas 3 noites em Chicago não seriam suficientes).

Contrariando o que todos nos diziam, conseguimos viajar de carona entre Milwaukee e Chicago (e economizamos os R$240 que gastaríamos com o ônibus). Depois de dormirmos até o meio-dia (3 dias de sono atrasado), almoçamos e pegamos um ônibus urbano até um posto de gasolina, no sul da cidade. Em menos de 5min, já conseguimos carona com um senhor que nos deixou em outro posto, na metade do caminho para Chicago. 

Lá, começamos a abordar os carros e depois de uns 10min o dono do posto apareceu e nos expulsou! Se você procurar na internet, aparecem várias informações de que pedir carona é ilegal em diversas áreas dos EUA. Mas uma delas é a Flórida, por exemplo, e passamos 12 dias viajando muito facilmente de carona por esse estado, então pensamos que ninguém de fato dava bola para isso. Mas parece que, nessa região entre Wisconsin e Illinois, realmente eles levam a sério a proibição.

Por sorte, havia outro posto do outro lado da rua. Ali, ficamos ligeiramente escondidos e abordávamos os motoristas com discrição perguntando se iam para Chicago e poderiam nos levar. Não demorou 15min e conseguimos uma carona até Arlington Heights, um distrito de Chicago. 

De lá, pegamos um trem até a estação central de Chicago. Esse trem custava quase USD7 por pessoa, mas estávamos sem dinheiro em espécie e eles não aceitavam cartão de crédito, então acabaram nos levando de graça também. 

Saímos da nossa casa em Milwaukee às 14h e chegamos à estação central de Chicago às 17h, sem gastar um centavo.

Ficamos hospedados em um prédio muito próximo do centro, o que foi fundamental para o sucesso do nosso roteiro na cidade. Todos os dias, dávamos um longo passeio durante o dia, voltávamos para casa no fim da tarde, jantávamos e à noite saíamos outra vez para caminhar. Chicago é uma cidade que é mais bonita à noite do que de dia.

Para nos locomovermos pela cidade (já que a nem todas as atrações se pode chegar caminhando), compramos um passe de 3 dias de transporte público, que inclui metrô e ônibus. Não lembro exatamente quanto custou, mas foi um ótimo custo benefício - se fôssemos pegar Uber, ou pagar por cada ônibus/metrô separadamente, sairia muito mais caro.

Já na primeira noite em Chicago, caminhamos 20km pela cidade. A River Walk, um calçadão turístico pela orla do rio, é realmente impressionante à noite, com tantos prédios imensos iluminados. Não há dúvida de que Chicago é uma das cidades mais bonitas que já visitamos no mundo.























Dia 5 (23/6) - Chicago

Nesse primeiro dia inteiro em Chicago, caminhamos por toda a zona central da cidade. Passamos por todas as principais ruas, pela River Walk, pela Mile 0 da Ruta 66, pelo famoso monumento Bean (feijão), pela Fonte de Buckinghan e pela Crown Fountain. Esse seria o roteiro certo para quem só tem 1 dia em Chicago e quer conhecer o essencial.



Fonte de Buckinghan


The Bean



Crown Fountain

Espelhos no Bean

Orla do Lake Michigan, um dos Grandes Lagos










Início da Rota 66




Travessia de gansos-canadenses do parque para o lago





À noite, voltamos ao Bean, à Buckinghan Fountain e à Crown Fountain que, como quase tudo em Chicago, são mais legais à noite do que de dia. O problema é que, para vê-los à noite e no verão, você terá pouco tempo: escurece pelas 21h e às 23h todos os parques da cidade (onde esses atrativos estão localizados) fecham, então é preciso se programar bem.

Também demos um passeio pela Magnificent Mile, a parte mais nobre da cidade, com diversas lojas de grife. 

Esperando anoitecer para sair de casa

Vista do nosso ap











Dia 6 (24/6) - Chicago

Neste segundo dia em Chicago, voltamos à Magnificent Mile, desta vez para ver a zona durante o dia. É ali que fica, também, o maior Starbucks do mundo, com 3 andares e uma fila que chegava a virar a esquina, só para entrar lá dentro (claro que não entramos).

Depois, andamos muito pela orla do Lake Michigan. Também fomos a praias (muito mais bonitas do que imaginávamos), jogamos vôlei com os locais e eu entrei várias vezes no lago, para me refrescar do calor. A água, como eu previa, é congelante - mas num calor de 40ºC, nada melhor!


North Avenue Beach




Minha praia preferida: Ohio Street Beach









Caminhada noturna:











Dia 7 (25/6) - Chicago

No nosso terceiro e último dia em Chicago, andamos novamente pelo centro e também pelos parques ao sul, passando pelo Field Museum e pelo Planetário, de onde se tem uma boa vista para os prédios da cidade. Porém, como o dia estava nublado, o lugar não estava muito bonito.











A 1ª casa de Chicago, que hoje é ponto turístico




À noite, um passeio de despedida:





Dia 8 (26/6) - Chicago - Detroit

Com tristeza, nos despedimos de Chicago (só um "até logo", pois já estamos loucos para voltar lá em outra estação e curtir a cidade com neve). Às 10:30, embarcamos no ônibus rumo a Detroit (Michigan), passando pelo estado da Indiana. Chegamos lá às 16:30, pedimos para deixar as malas num restaurante (já que nossa hospedagem ficava longe do centro) e já fomos dar uma volta pela cidade.

Nossa impressão de Detroit não foi das melhores - uma cidade super decadente, com muitos mendigos por todo lado e prédios mal cuidados. Tudo ao contrário de Chicago!
















Do outro lado do rio, o Canadá



À noite, nossa anfitriã foi nos buscar no centro e nos levou para a sua casa, no distrito de Dearborn. Dearborn é conhecida mundialmente por ser a terra de Henry Ford e sede da maior fábrica da Ford.


Dia 9 (27/6) - Detroit / Dearborn

Queríamos começar o dia indo a Belle Isle, uma ilha no Rio Detroit, entre os EUA e o Canadá. Como não existe transporte público até lá, e até as conexões entre Dearborn e o centro de Detroit são péssimas, decidimos tentar ir de carona. Nem se tivéssemos pegado um Uber seria tão rápido!

Nossa anfitriã ia fazer compras e nos deixou num supermercado numa avenida grande em Dearborn. No estacionamento, mal esticamos o dedo e um homem da Arábia Saudita parou e nos levou até um posto de gasolina. Lá, o primeiro carro que passou parou para nós - um casal muito simpático de venezuelanos que iam para o centro de Detroit, mas fizeram questão de nos levar até a ponte de Belle Isle.

Demos a volta completa na ilha (10km), mas confesso que é um passeio bem dispensável - é legal, mas o ideal seria fazer de bike, e não a pé. A parte mais interessante foi ver uma cobra verde e uma família de cisnes com filhotes que vivia ali na beira do rio.








Para voltar a Detroit, mais uma carona quase instantânea, com um casal local. Nos deixaram em Midtown, uma parte da cidade mais afastada do centro, mas também cheia de atrações. Almoçamos no McDonalds e caminhamos um pouco por lá. 







Voltar a Dearborn de carona seria difícil, pois estávamos totalmente fora da rota. Então pegamos 2 ônibus, super demorados - levamos mais de 1h num trajeto que de carro deveria ser de 15min. Pelo menos não pagamos nada, pois também não aceitavam cartão, kkkk.

No fim da tarde, para nos despedirmos da região dos Grandes Lagos, demos uma caminhada pelo nosso bairro em Dearborn. Todas as casinhas de tijolos são praticamente iguais, e foram construídas por Henry Ford. Infelizmente não tiramos nenhuma foto, só resta o mapa:



Dia 10 (28/6) - Fim do roteiro

Pela manhã, nossa anfitriã nos levou para um passeio de carro até a sede da Ford, entre outros pontos turísticos de Dearborn (nenhum de grande interesse). Em seguida, nos deixou no aeroporto, onde embarcamos para Miami às 14h e finalizamos o nosso roteiro de 10 dias pelos Grandes Lagos.


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Roteiro de 65 dias pelo Alaska