quarta-feira, 8 de junho de 2016

Como NÃO organizar seu roteiro por Quito



Durante a nossa viagem pelo Equador, em dezembro/15, não pudemos deixar de passar pela capital do país, Quito. Embora não seja a maior cidade equatoriana (perde para Guayaquil em área e população), Quito é a porta de entrada para quase todos os turistas no país, e também é um dos aeroportos de partida para as Ilhas Galápagos.

Embora nós não sejamos fãs de cidades grandes, tínhamos muita expectativa para conhecer Quito, e acreditávamos que seria a nossa metrópole favorita em toda a viagem pelo noroeste da América do Sul (conhecemos também Bogotá, Guayaquil, Lima e La Paz). Infelizmente, passou longe disso! Quito ganhou o título de maior decepção da viagem. 

A principal e certeira dica que eu dou para quem quer conhecer Quito é: durma pelo menos uma noite na cidade. Pode parecer uma recomendação óbvia, mas nós optamos por não dormir em Quito e essa escolha acabou nos trazendo muito transtorno e estresse. Eu explico o que aconteceu:


Como NÃO planejar o seu roteiro por Quito:

Quando roteirizamos o Equador, procuramos otimizar ao máximo o nosso tempo e percebemos (corretamente) que Quito não oferecia tantas atrações que pudessem preencher um dia inteiro do nosso itinerário. Então optamos por pegar um ônibus de Otavalo para Quito, de manhã, e no mesmo dia, no final da tarde, pegar um ônibus de Quito para ir dormir em Latacunga, nosso próximo destino. Segundo o google maps, parecia uma ideia super simples, e acho que muitos viajantes devem traçar esse mesmo plano.

Acontece o seguinte: todos os ônibus saídos de Otavalo chegam ao terminal norte de Quito, e todos os ônibus que vão a Latacunga partem do terminal sul. Esses 2 terminais ficam nos extremos da cidade, super distantes, e bem no meio do mapa é que fica o centro histórico de Quito, com todas as atrações que interessam aos turistas. Ou seja, não poderíamos deixar as malas em nenhum dos terminais, ou teríamos que atravessar toda a cidade outra vez para depois buscá-las.

Desembarcamos então no terminal norte. Um táxi até o centro custa USD 5, mas decidimos ir de "trole" (uma espécie de metrô) para economizar (passagem: USD 0,25 por pessoa). Talvez porque fosse domingo, o trole estava absurdamente lotado.

Chegando ao centro, com todas as malas, fomos direto à Plaza de la Independencia (a quadra principal), e nos dirigimos à oficina de informações turísticas. Esperávamos que, já que os 2 terminais de ônibus são tão distantes, pudéssemos deixar as malas em algum armário por ali enquanto visitávamos a cidade. Que ilusão! Os funcionários que nos atenderam nos olhavam como se fôssemos ETs carregando malas no centro histórico - como se todos os turistas fossem obrigados a dormir uma noite lá se quisessem visitar Quito.

Pegamos o mapa do centro e procuramos os hotéis mais próximos, para ver se conseguíamos deixar as malas em algum deles. Sem brincadeira, fomos em pelo menos 10 hotéis e hostels até que finalmente encontramos um que aceitou ficar com a nossa bagagem por algumas horas, cobrando USD 3. Eu não consigo imaginar por que motivo os hotéis têm tanto medo de guardar as coisas dos outros, pois me parece o dinheiro mais fácil do mundo.

Depois dessa epopeia já estávamos de saco cheio com tanto perrengue e perda de tempo, irritados com a desorganização da capital de um país que praticamente proíbe os turistas de conhecerem a cidade num pit-stop. Somado a isso tinha o fato de que ficamos um tempão carregando malas e mochilas no meio de ruas lotadas, sob um sol escaldante - eu tinha lido em algum lugar que em Quito fazia sempre 20ºC, mas isso é MENTIRA, no dia em que fomos lá estava uns 30 no mínimo

Todo esse desabafo foi para garantir que você não faça como nós! Escolha o caminho mais fácil: perca um dia do seu roteiro, mas durma uma noite em Quito - o mais próximo possível da praça central.

Apesar da nossa indisposição para gostar da cidade, nos esforçamos para aproveitar ao máximo o tempo que nos restou. Seguimos o mapa turístico e conhecemos todas as atrações do centro, que realmente não são nada de mais. Em 4h conseguimos visitar tudo (porém sem entrar em nenhum museu) e ainda tivemos tempo para almoçar.

O único ponto turístico onde não estivemos foi o marco da Linha do Equador, que fica muito distante do centro. Nos disseram que um táxi até lá, ida e volta, custaria aproximadamente USD 30, valor que jamais pagaríamos para pisar em um paralelo.

Dando um tempo nas reclamações, acho importante fazer um elogio: as ruas do centro de Quito são bem policiadas, e todos dizem que são seguras.



Praça e Igreja de São Francisco 




 Plaza de la Independencia



Igreja de Santo Domingo




  
El Panecillo (estátua ao fundo)
A estátua sobre a colina é um mirante de Quito - um dos pontos mais altos da capital


Basílica del Voto Nacional 
(Catedral Gótica)





Plaza del Teatro (Teatro Sucre)



Outro ponto que visitamos, mas do qual não encontrei as nossas fotos, foi a Calle La Ronda.

De tarde, a ida para o terminal sul (Quitumbe) foi mais um pesadelo: nós, com as malas, fomos literalmente esmagados dentro do trole. Esperamos na parada que nos indicaram, e teoricamente se formou uma fila de passageiros atrás de nós. O trole passou a primeira vez, apinhado de gente, e quando a porta se abriu os que estavam dentro gritaram: "lotado"! Mesmo assim, gente que estava atrás de nós na fila simplesmente pulou para dentro, empurrando todo mundo. A cena animalesca se repetiu mais 2 ou 3 vezes - o trole sempre passava cheio, e já estava ficando tarde e a nossa paciência curta. Concluímos que o metrô equatoriano funciona assim mesmo, e para chegar ao terminal tivemos que fazer a mesma coisa: quando o trole parou, mesmo sob os gritos de protesto de quem estava lá dentro, entramos com mala e tudo e ficamos ali esmagados, tentando abstrair a situação. Para complicar, o trajeto até o terminal sul não é direto - tivemos que descer em uma outra parada e pegar um ônibus até o terminal. No total, desde o centro até o terminal Quitumbe, levamos 1h30 - num domingo!

Por tudo isso, acho que Quito não está preparada para receber turistas, e é uma das poucas cidades do mundo aonde eu não faço questão de voltar. 

Claro que, se você chegar lá de avião, ficar hospedado bem no centro e só se locomover de táxi, sua impressão certamente será bem melhor que a nossa. Mas para quem vai só passar o dia, com o orçamento apertado e dependendo do transporte público, só posso desejar boa sorte, fé e coragem!

E o pior é que, se eu não estou enganado, você nem vai conseguir ser radical e excluir Quito do seu roteiro, pois não existe ônibus direto entre Otavalo (a principal cidade a norte) e Latacunga (a principal a sul). 




Como eu disse no começo do post, colocamos muita expectativa sobre Quito, e acabamos caindo do cavalo. Com a outra cidade grande do Equador, Guayaquil, aconteceu curiosamente o contrário: nem fazíamos questão de conhecê-la, mas fomos porque os voos para Galápagos são mais baratos saindo de lá. E assim como tudo deu errado em Quito, tudo deu certo em Guayaquil, e terminamos a viagem concluindo ironicamente que, de todas as metrópoles que conhecemos, foi dela que mais gostamos! 

É no próximo post, não perca!

Para ler nossos outros posts sobre o Equador, clique nos links:

Otavalo - Equador

Peru - roteiro de 7 dias 
Nariño (Colômbia)



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